O problema de infestação por insetos ou microorganismos em propriedades culturais, coleções de museus, objetos de arte e bibliotecas é bem conhecido do Conservador-Restaurador. Os alvos desses ataques são livros, manuscritos em papel e pergaminhos, coleções de história natural, objetos de madeira e outros. Técnicas de controle de pragas incluíram desde tratamentos por ervas, fumaça de fogueiras, resfriamento, aquecimento, radiações até a utilização de produtos químicos altamente tóxicos. Todos promovem certo nível de eficácia, mas também resultados negativos, como mudanças de cor ou brilho em pinturas, alteração do pH, quebra de cadeias moleculares, danos a nossa saúde, etc.
Um conceito teórico genialmente simples pode ser a resposta para os problemas contra pragas. Como todos os insetos e vários microorganismos necessitam de oxigênio para seus metabolismos, em um ambiente livre de oxigênio (anoxia) esses seres seriam eliminados.
Em 1990 os processos de desinfestação por atmosferas anoxias eram praticamente desconhecidos pelos conservadores nos museus, embora vários estudos nesta área de atmosferas modificadas já estivessem sendo realizados. O rápido reconhecimento das vantagens da técnica levou ao desenvolvimento e uso de gases não-tóxicos em trabalhos de desinfestação e conservação do patrimônio cultural de bens tangíveis (Selwitz e Maekawa, 1998).
Na disciplina Seminários: Insetos, do dia 06 de outubro, tivemos a palestra da Profa. Dra. Isolda Mendes com enfoque na Desinfestação por Atmosfera Anoxia, sendo realizado um experimento sob sua orientação. Esta prática envolveu amostras de madeira com ataque de cupins de madeira seca e um cupinzeiro secundário de solo que foram acondicionados em uma câmara com saches com absorvedores de oxigênio, uma pastilha indicadora do teor de oxigênio (muda de cor na presença de uma concentração de oxigênio maior do que 0,3%), solução saturada de cloreto de magnésio com sólido para manter a umidade relativa e um medidor de temperatura e umidade. O experimento foi monitorado diariamente com o intuito de verificar a variação das condições dentro da câmara e a movimentação dos cupins. Após o quarto dia não foi mais observada a movimentação de insetos e a presença de excrementos perto das peças de madeira já apresentando resultados de sua eficiência. A eliminação completa do ataque de insetos foi verificada com o exame das peças depois de 30 dias.
Novos experimentos para estudar diferentes condições de anoxia em atmosfera modificadas em outros suportes e materiais estão programados.
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